ANTROPOFAGIA -
Carla Mimesse
Como legiões, homens co
muns vertem das esqui
nas em insólitas fileiras,
rumo ao cotidiano. Aos
poucos, a densa massa
humana espalha-se com
pondo com o asfalto rumo
res, uma alquimia de argi
la e carne, em tons urba
nos. Alguém observa. Cis
ma o cotidiano que cada
um deles desfila em más
caras ora anônimas, o
ra únicas, ora multiface
tadas. O observador ab
sorve seus traços, intui
seus sonhos, projeta-se
em suas máscaras, com
o
l
h
a
r
antropo
fágico. Su
ga impres
sões que re
flete na tela
fria e salpica
com cores o cinza
concreto do cotidia
no pálido. Nova Alqui
mia - tinta e giz - com
põe outra paisagem onde
criador e criatura são maté
rias-primas da solidão e de um
mesmo engano: multidões mais
se parecem aglomerados de partícu
las divisíveis, solitárias, e insignifican
tes frente aos arranha-céus que projeta
ram e levantaram; os viadutos com suas
formas abauladas dão passagem à vida que se
gue em velocidade máxima, servem, contudo, de
teto àqueles que a margeiam, alimentam-se e de
fecam no mesmo beco escuro, apesar das claras tardes.
Para conhecer um pouco mais o blog da Carla, http://www.revide.com.br/blog/carla-m/post/poema-ilustrado/
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